sexta-feira, 5 de junho de 2015

Parto cesarea- Como foi minha recuperação

Olá meninas
Resolvi fazer este post contando como foi minha recuperação da cesariana porque, procurei muito por um texto assim durante a gravidez e não encontrei. Durante a gestação temos uma enorme curiosidade de saber como são os primeiros dias após o parto: se você sente muita dor, se é dificil cuidar do bebê com os pontos da cirurgia, se sua família estará lhe esperando quando voltar para o quarto, e etc...
Bem, vou contar a minha experiência, lembrando que cada organismo é diferente e tem um ritmo de recuperação. Afinal, informação diminui muito a ansiedade, quanto mais soubermos sobre uma determinada situação, mais tranquilos estaremos para passar por ela
Meu parto, o dia mais esperado da minha vida, estava marcado para um domingo as 07:00 horas, eu precisaria chegar duas horas antes para a internação, ou seja, às 05:00 horas, o que foi muito bom, pois não pegamos trânsito, não precisei passar o dia em jejum, pude jantar normalmente no dia anterior e ir dormir.

  • O jejum era uma questão que me preocupava muito, a indicação que recebi foi de oito horas de jejum. Pois se o parto fosse a tarde ou a noite seria necessário guardar as horas de jejum e eu tinha receio de passar mal durante o parto. Mas, na verdade, não senti fome nenhuma, é tanta emoção neste momento que nem lembrei que estava sem me alimentar. Algumas horas depois do parto a maternidade oferece uma super refeição para você se recuperar, portanto, não tenha medo de passar fome....rs.
  • Outro medo que tinha era da anestesia. Bem, antes da anestesia você passa por uma entrevista com o anestesista, que aliás fica ao seu lado o tempo todo, portanto não precisa ter medo de passar mal, de que a anestesia "não pegue". Ela também é indolor no momento da aplicação.
  • O parto é muito rápido, dura cerca de 40 minutos, a equipe conversa o tempo inteiro com você, o que a deixa menos ansiosa. Fui acolhida e respeitada todo o tempo, o que me deu muita segurança e tranquilidade.Meu lindo bebezinho nasceu, foi realizar os procedimentos necessários e eu fui para a sala de recuperação.
  • No pós parto eu senti muita dor, sim e este foi o único momento em que eu senti muita dor quando passou o efeito da anestesia. Conversei com a enfermeira, que chamou o anestesista e me prescreveu mais medicação, a dor diminuiu e fui para o quarto.
  • Ah, é colocada uma sonda para a urina, mas você não sente nada, nem para colocar, nem para tirar.
Chegando no quarto estava toda minha família me aguardando, ainda estava com dor, dificuldade para me movimentar. Esta dor durou umas cinco horas, foi, aos poucos,diminuindo. No fim da tarde a enfermeira veio me ajudar a tomar banho, e depois disso estava liberada para caminhar sozinha, ir ao banheiro e etc. No primeiro dia é um pouco dolorido se movimentar, no segundo dia já conseguia caminhar sem dor. A partir do segundo dia, só sentia dor para levantar da cama, e para sentar. Não sentia mais dor nenhuma. Conseguia cuidar do meu filho, amamentar sem  problemas, o leite desceu no mesmo dia do parto e meu filho pode mamar.
Com uma semana já conseguia fazer coisas como me trocar sozinha, lavar louça, guardar as roupas do bebê nas gavetas debaixo.Claro, tudo com muito cuidado, respeitando meus limites.
Foi uma recuperação muito tranquila, melhor até do que eu imaginava.
Bem, espero ter ajudado contando minha experiência. Se quiserem perguntar mais alguma coisa meninas, deixem nos comentários que eu respondo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Não consigo engravidar, isso pode ser emocional?

A cada dia mais e mais mulheres tem apresentando dificuldades para engravidar, e muitas vezes não há nenhum fator físico que justifique esta dificuldade. Os médicos então dizem às suas pacientes: você está muito ansiosa, isso pode ser emocional.
Mas será que a ansiedade pode mesmo interferir na gestação?
Vivemos em uma sociedade que está crescentemente cobrando das mulheres mais e maiores competências. E engravidar tem se transformado em mais uma destas cobranças: a mulher precisa ser bem sucedida profissionalmente, ser magra e sexy, casar e ...ter filhos.
Ter filhos virou mais uma meta a ser conquistada, e quando isto não acontece dentro do prazo planejado gera auto-cobrança e ansiedade.
E muitas vezes, o discurso médico reforça ainda mais este estigma de incapacidade da mulher, ou do marido, ou do casal em conceber.
Ouvi, certa vez, uma moça que disse: o médico disse que tenho o útero incompetente. Nem sei se este é o termo correto, mas seu uso me incomodou profundamente. Competente pra engravidar? Conceber e gestar não são competências que estão sobre nosso controle, que podem ser trabalhadas por nós, portanto, como podemos ser ou não competentes para gerar um filho?
Queria compartilhar com vocês a minha experiência: Em 2013, eu e meu marido decidimos que era o momento de começarmos a tentar engravidar. Me consultei com um ginecologista, fiz todos os exames de rotina, todos os resultados estavam normais. Em agosto, tomei minha última cartela de anticoncepcionais e começamos nossa vida de tentantes. Os meses se passavam, e nada do positivo aparecer, meu ciclo continuava regular como um reloginho para minha frustração.
Por volta de maio de 2014, era hora de fazer um novo preventivo, fui a outro ginecologista, fazer os exames de rotina  e contei que estava tentando engravidar...
Ela, por sua vez olhou-me com um ar de recriminação perguntando se eu não estava preocupada com esta condição, que na minha idade (29 anos) eu não poderia ficar esperando para engravidar de forma natural pois já havia se passado muito tempo (cerca de oito meses), que iria pedir pedir alguns exames e que, se não houvesse nada errado comigo certamente haveria com meu marido.
Saí da consulta arrasada, ferida por aquelas palavras e me sentindo portadora da tal incompentência. Gostaria de ressaltar que sou profissional de saúde, psicóloga, trabalho em um centro de saúde há mais de 10 anos, sei que não estava em uma idade cuja taxa de fertilidade é tão baixa assim, e que o tempo que estava tentando engravidar, não estava fora do normal. Quantas vezes eu já não havia conversado sobre isso com médicos, enfermeiros e mesmo obstetras amigos meus sobre isso. Só que este conhecimento não foi suficiente para me proteger deste sentimento quando saí daquele consultório.
Passei o resto do dia tentando digerir ou mesmo me proteger daquelas informaçoes, mas não estava obtendo muito sucesso.
Em casa, à noite, por coincidência ou pela chamada sincronicidade* (de JUNG) assisti ao programa Direção Espiritual do Padre Fábio de Melo, um programa que gosto muito, mas que nunca lembro de assistir. Neste programa, ele entrevistava a cantora Adriana Arides, que havia perdido um bebê há pouco tempo e falava da dificuldade que havia passado para engravidar novamente. Eles então discutiam sobre esta cobrança social sobre a necessidade de engravidar, como se engravidar fosse uma obrigação social da mulher e o quanto isto pressiona a mulher e a deixa em situação de stress.
Ouvir esta reflexão me ajudou a elaborar aquela situação, aquele conflito que estava me incomodando e realmente eu me senti desobrigada de engravidar, entendi que um filho é um presente, não se trata de algo que podemos controlar, mensurar e manipular.
Realmente, aquelas palavras me ajudaram a me desobrigar e me senti aliviada.
Bem, algumas semanas depois passei por uma situação com um familiar que me tiraram completamente do foco de engravidar, e eu....desencanei.
No próximo ciclo, eu engravidei. Estou hoje com 32 semanas gravida do Eduardo, e muito feliz.
Estou contando a minha experiência para ilustrar que a gestação é uma situação natural, e quanto mais livre de cobranças e ansiedades conseguirmos viver esta fase, de treinantes, que deve ser uma fase gostosa, de intimidade, romance, melhor. É uma fase que deve ser curtida e não motivo de angústia e cobrança, quanto mais nos cobrarmos, mais demorará a acontecer a gestação.
Um outro exemplo de quanto a ansiedade atrapalha a concepção é o de que há um número impressionante de mulheres que não conseguem engravidar, entram na fila da adoção, e assim que adotam uma criança, engravidam. Porque? Porque se veem desobrigadas a serem mães, passam a viver a sexualidade de forma tranquila, sem cobranças, e assim a gestação acontece.
E você, teve dificuldade em engravidar? Está vivendo este momento de cobrança? Conte pra nós sua experiência.


* Sincronicidade foi um conceito desenvolvido por C. G. Jung, fundador da psicologia analítica. Ela é utilizada para definir acontecimentos que se relacionam não por relação de causa e consequência, mas sim de significado.


Link do programa: https://www.youtube.com/watch?v=q3ItL6shuHc